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Qual a relação entre o agronegócio e o mercado de câmbio?
22 de novembro de 2023 | Equipe Braza Bank
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22 de novembro de 2023 | Equipe Braza Bank
Agronegócio e câmbio são duas palavras que têm tudo a ver. Afinal de contas, de acordo com dados publicados no site do Ministério da Agricultura e Pecuária, em 2022 o Brasil fechou o ano com um faturamento de US$ 159 bilhões em vendas por meio da exportação.
Portanto, sem dúvida alguma, o mercado de câmbio influencia diretamente no agronegócio e se você está pensando em começar a exportar ou importar sua produção ou já começou, mas quer entender melhor como funciona e de que forma a relação do real com o dólar pode impactar o seu negócio, está no lugar certo.
Nós, do Braza Bank, fizemos este conteúdo para esclarecer melhor sobre como é a relação entre o agronegócio e o mercado de câmbio. Acompanhe.
A maioria das pessoas não sabe ainda sobre o grande potencial exportador que o Brasil é no cenário mundial. Podemos listar aqui alguns dos produtos de destaque que saem daqui para vários outros países:
Os números acima fazem parte de um balanço realizado até junho de 2023. Além desses produtos, podemos falar de outros como carne bovina, farelo de soja, açúcares e melaços que estão entre os 10 produtos que o Brasil mais exporta.
Como você pode perceber, a maioria são commodities. Ou seja, itens que são matéria-prima para a fabricação de produtos no exterior. Independente disso, as exportações são de grande importância para a economia brasileira, já que aumentam a quantidade de dólar no país.
Quanto mais exportação o Brasil faz, mais dólares entram na nossa economia. Esse é um cenário com certos pontos positivos para a economia como um todo.
Mas, por quê?
A resposta é simples: oferta e demanda. Esse é um princípio básico da economia muito fácil de entender. Quando a demanda é alta e há pouca oferta, o produto fica mais caro. Do contrário, o produto fica mais barato.
Essa é uma regra que também impacta moedas, como o dólar. Afinal, as pessoas compram e vendem dólares. Por exemplo, para viajar ao exterior como turista, é preciso comprar dólares como se fosse um produto de uma loja que você precisa.
Portanto, se há muito dólar em circulação no mercado, o valor da moeda tende a cair, fazendo com que a diferença entre o dólar e o real não seja tão elevada.
Isso, por sua vez, tem o potencial de baratear diversos produtos importados que consumimos no dia. Pode ser, por exemplo, o computador ou o smartphone que você está usando para ler este conteúdo.
Para empresas importadoras, a menor diferença entre real e dólar também pode ser positiva. Afinal, com uma taxa de câmbio menor, os custos de importação tendem a reduzir.
Para entender melhor, considere o caso de uma empresa que importará US$ 100 mil do exterior. Se a taxa de câmbio com a moeda estiver em R$ 5, o custo em reais será de R$ 500 mil. Já se o dólar estiver cotado em R$ 4,80, há uma redução de R$ 20 mil no total.
Antes de dar continuidade ao assunto, é bom parar um pouco para entender melhor sobre a taxa de câmbio.
A taxa de câmbio é a diferença de valores entre moedas de países diferentes. Por exemplo, quando alguém viaja para o exterior e precisa pagar a mais para trocar o real pelo dólar está fazendo isso por conta dessa taxa.
A moeda padrão das transações financeiras com o exterior no Brasil é o dólar e é por isso que quando se fala em câmbio, normalmente, relacionamos o real com essa moeda.
Voltando ao que estávamos falando no início deste conteúdo, a relação entre agronegócio e mercado de câmbio é bem próxima. Ainda mais considerando que temos uma forte presença na exportação de matéria-prima, ficar de olho na alta ou baixa do dólar é fundamental.
Para entender melhor, vale saber que só em 2022 o agronegócio exportou US$ 159,1 bilhões. O número equivale a mais de 47% do total exportado pelo Brasil.
Ou seja, quase metade das exportações brasileiras foram desse setor. E como grande parte das negociações são em dólares, o agro é um dos principais motores de entrada da moeda.
“Vale observar que os dados de fluxo cambial, divulgados semanalmente pelo BC, mostram o valor total (que geralmente é o mais veiculado) e depois é detalhado em comercial (específico das entradas e saídas atreladas ao comércio) e financeiro (que mostra fluxos de entradas ou saídas para investimentos)”, diz Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank.
Considerando aqui um cenário de empresas brasileiras importadoras de insumos e, ao mesmo tempo, exportadoras de matérias-primas, o câmbio tem uma relação íntima com esse mercado.
Com o real valendo bem menos que o dólar, a frente exportadora pode se beneficiar. Afinal, seus produtos podem ganhar destaque no comércio exterior e ela pode ampliar suas margens de lucro.
Mas a produção da matéria-prima pode ter um custo maior já que os produtos usados para essa finalidade são importados e, portanto, mais caros.
Por conta disso, esses produtores precisam ficar sempre atentos às oscilações do mercado de câmbio. Além disso, adotar estratégias de proteção, como o hedge cambial, pode ser interessante.
Outro ponto relevante dessa relação entre agronegócio e câmbio é o preço estabelecido para as commodities que seguem um preço padrão no mercado internacional. Esse preço é formado nas grandes bolsas de negociações espalhadas pelo mundo.
Um bom exemplo é a Chicago Mercantile Exchange, também conhecida pela sigla CME ou simplesmente The Merc pelas empresas dos Estados Unidos.
“Geralmente, as principais commodities que o Brasil exporta têm seus preços formados no mercado internacional, nas maiores bolsas de negociações do mundo. Dado que esse preço é negociado em moeda estrangeira, geralmente USD, temos sim uma influência da taxa de câmbio na nossa exportação e, consequentemente, na balança comercial/fluxo cambial”, complementa Bruno Perottoni.
Assim, tudo o que acontece nas maiores bolsas de valores e também em grandes bolsas de mercadorias como a CME também devem ser levados em conta e mostra de forma bem clara que essas negociações influenciam diretamente o mercado de exportação e importação do agronegócio brasileiro.
Gostou de saber mais sobre a relação entre agronegócio e câmbio? Então, confira também o nosso conteúdo que fala sobre 3 situações para evitar na hora de fazer importação e exportação!
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Em períodos de altos volumes de exportação vemos esse fluxo cambial na via comercial mais positivo (entrada USD > saída USD). Poderia se dizer que há até uma sazonalidade nesse fluxo, mas hoje as exportações brasileiras ocorrem o ano todo, horas mais focadas em grãos, horas mais focadas em carne, horas mais focadas em minério.
Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank