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Nova era dos Brics: expansão e financiamento para o banco
6 de setembro de 2023 | Equipe Braza Bank
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6 de setembro de 2023 | Equipe Braza Bank
O Brics está entrando em uma nova fase em sua história, com objetivo de ganhar ainda mais influência na geopolítica global. Dentre os destaques desse momento, a expansão do grupo surge como um dos principais.
Na 15ª Cúpula dos Brics, que aconteceu na África do Sul, o grupo convidou 6 novos países a se tornarem membros a partir de 1º de janeiro de 2024. São eles:
É importante destacar que o convite tende a ser uma mera formalidade. Afinal, todos eles já haviam manifestado o interesse em se juntar ao grupo composto apenas por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em 2001, o economista americano Jim O´Neill criou o termo “BRIC” em referência às nações com elevada extensão territorial, população e potencial de crescimento. Essa definição deu origem, em 2009, ao primeiro encontro de cúpula do grupo, que, em 2010, adicionou a África do Sul.
A expansão era uma bandeira defendida, principalmente, pela China. O gigante asiática busca fortalecer sua influência geopolítica.
Contudo, a expansão pode gerar novas oportunidades para o Brasil, inclusive com o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), chamado de “banco dos Brics”.
A seguir, entenda mais sobre a expansão do grupo e o que isso pode representar para o Brasil.
O processo de expansão e seleção dos novos membros dos Brics passou por longas negociações e reuniões durante a cúpula em Joanesburgo.
Inicialmente, Brasil e Índia não apoiavam o aumento do grupo, que era liderado principalmente por China e Rússia. Representantes brasileiros, por exemplo, defenderam que antes era preciso definir os critérios de entrada.
No entanto, com a pressão pela expansão, diplomatas do governo brasileiro passaram a negociar com os outros países do bloco os termos dessa adesão já na Cúpula.
O convite oficial para os 6 novos países foi feito pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Ele também destacou a valorização do interesse de outras nações em se juntarem ao grupo.
Para o gerente de estratégia comercial do Braza Bank, Marcelo Cursino, a expansão pode ser estratégica para o Brasil. O país pode ter ganhos econômicos e ainda estreitar relações com nações estratégicas, indo além do G7.
“Você tem um equilíbrio maior de poderes. O Brasil foi convidado para o encontro do G7 recentemente e pode aproveitar muito essa posição. Ter essa abertura com os dois blocos continua sendo importante”, destaca ele.
Cursino vê que essa proximidade com polos opostos da economia e geopolítica global posiciona o Brasil como um país mais fortalecido para a atração de negócios.
Outro tópico discutido no encontro foi o uso de uma moeda comum no grupo. O objetivo seria facilitar o comércio entre os países ao mesmo tempo em que se reduz a dependência do dólar.
Na Cúpula, foi estabelecido que os bancos centrais e os ministérios responsáveis pela Economia e Finanças de cada nação assumirão a tarefa de conduzir análises sobre o tema.
A tendência é que a apresentação das propostas aconteça no próximo encontro do grupo. Vale salientar que o objetivo não seria eliminar as moedas nacionais.
A Índia também vê com certa desconfiança o processo. O país, com a segunda maior economia do grupo, enxerga o uso do renmibi possa fortalecer e ampliar ainda mais a influência da China.
O Secretário-geral e CEO da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, enxerga que há diferentes oportunidades que se desenham ao Brasil na relação com os parceiros árabes do grupo.
“Haverá sim mudança na balança comercial entre esses países”, argumenta ele. Com a ampliação, os Brics se tornam um grupo com 3,6 bilhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 29,1 bilhões.
“Arábia Saudita, por ser um grande exportador de petróleo, pode ser uma das maiores potências dentro dos Brics. Os Emirados sempre foram vistos por nós como um hub para reexportação de produtos. Agora será mais ainda, além de sua chegada contribuir também no banco dos Brics”, afirma ele.
Como exemplo da reexportação de produtos, ele cita a soja em grãos que é processada e transformada em óleo de soja dentro dos Emirados. Esse óleo é, então, vendido para outros mercados.
Outro exemplo é o processamento de carne de frango in natura em carne processada. “Se trata de agregar valor ao produto”, diz.
"Em relação ao Egito, vai trazer uma cooperação muito maior. Representa segurança para Brasil, Rússia e China em olhar para a África porque o Egito é a entrada para a África. O país vive um momento complicado com a sua moeda. Os Brics abrem a chance de pagar suas compras com a moeda nacional (libra egípcia). É um caminho tanto para o Egito como para a Argentina", avalia
O Novo Banco de Desenvolvimento também pode entrar em uma nova etapa com a expansão. Para ampliar seus negócios e reforçar suas conexões econômicas mundiais, os Emirados Árabes Unidos planejam expandir investimentos no banco dos Brics.
À Bloomberg Television, o ministro da economia dos Emirados Árabes, Abdulla bin Touq Al Marri, disse que o investimento no banco dos Brics irá estimular o comércio entre os membros e impulsionar um crescimento econômico mais amplo.
Embora a quantia exata do investimento não tenha sido divulgada, a ação financeira dos Emirados Árabes mostra confiança na direção dos Brics e o desejo de fomentar a colaboração econômica entre os países membros.
Com a segunda maior economia do Golfo Pérsico e um fundo soberano superior a US$ 1 trilhão, os Emirados têm a capacidade de influenciar positivamente o comércio do bloco e contribuir para alcançar seus objetivos conjuntos.
Apesar de ter o convite feito para entrar no grupo somente agora, os Emirados Árabes Unidos já eram membros do banco desde 2021. “Ir para o Sul Global é o aspecto mais importante em que estamos nos concentrando no momento, e isso vai crescer”, completou o ministro à Bloomberg Television.
(*) Com informações de Agência Brasil, ANBA e Comex do Brasil
A criação de uma nova moeda é algo que tende a ser visto com maior desconfiança ainda, devido à complexidade que envolve esse tipo de negociação. Em resumo: o que o grupo vai buscar substituir parte das negociações feitas em dólar para renminbi (moeda chinesa)
Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank