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Israel, Palestina e Hamas: quais os impactos na economia mundial e no Brasil?
9 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
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9 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
No último final de semana, o mundo viu o início de um capítulo nas históricas tensões entre Israel e as regiões palestinas — Faixa de Gaza e Cisjordânia. Apesar de ficar em uma área pequena geograficamente, o conflito pode impactar a economia global.
O cenário se deve, principalmente, à localização da região no Oriente Médio. Além disso, os apoios dos Estados Unidos a Israel e do Irã aos palestinos são fatores de atenção.
A questão principal é que essa região está próxima de grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Catar. Isso significa que os investidores devem considerar o risco da guerra ao precificar o petróleo.
“O WTI (petróleo futuro) está em queda e atingiu US$ 82,81. Esta guerra era a ‘desculpa’ que precisava para o barril subir. E se isso acontecer, todo o esforço do Federal Reserve (Fed) e dos EUA para domar a inflação estará sob perigo”, disse o economista André Perfeito ao Estadão.
Se os preços do petróleo de fato aumentarem, os juros americanos continuarão sob pressão do mercado. Como resultado, o apetite ao risco do mercado pode cair, prejudicando os ativos de mercados emergentes, incluindo os brasileiros.
Ainda, o compromisso dos Estados Unidos de apoiar Israel, que já é a principal potência militar na região, pode implicar a necessidade de aumentar os gastos militares. Isso ocorre em um momento em que o governo dos EUA busca elevar o limite da dívida por um período mais longo, garantindo o pagamento das despesas.
“O maior risco para a economia global é a possibilidade de uma terceira onda de inflação, justamente quando a atual está se esgotando. O aumento das tensões no Oriente Médio poderia elevar os preços de energia e minar os esforços dos bancos centrais para controlar a inflação. O status quo geopolítico tem se tornado cada vez mais desequilibrado nos últimos anos, portanto, os resultados desta nova crise podem ser mais indefinidos do que os mercados desejariam acreditar”, disse o economista-chefe na Mazars, George Lagarias, à Bloomberg.
Os preços do petróleo tendem a ser o principal atingido com o avanço do conflito, ao menos no curto prazo. Contudo, o fornecimento da commodity ao redor do mundo deve ser um ponto de atenção.
Isso se dá pelo estratégico Estreito de Ormuz, que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico. Nos últimos meses, os Estados Unidos já haviam aumentado sua presença militar na região com argumento de evitar ação de forças iranianas.
No campo do comércio exterior, os impactos no curto prazo podem ser difíceis de serem medidos. Mas, à medida que se avança e outros países se envolvem, esses reflexos podem ser mais latentes.
"No caso do conflito entre Ucrânia e Rússia, temos uma região produtora em larga escala de grãos, assim como de fertilizantes e combustíveis, o que gerou instabilidade de oferta nos mercados e, também, uma reorganização comercial em torno de exportações e importações para os países envolvidos no conflito (direta ou indiretamente)", destaca Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank.
Em 2022, as importações e exportações brasileiras para Israel tiveram déficit de US$ 235 milhões para a balança comercial nacional.
Enquanto as exportações para o país atingiram US$ 1.883 bilhões, as exportações ficaram na casa de US$ 2.118 bilhões.
Já nos 9 primeiros meses de 2023, o saldo acumulado também é negativo, de quase US$ 500 milhões. As exportações foram de US$ 570 milhões (-61% em comparação com o mesmo período de 2022). Já as importações foram na casa de US$ 1 bilhão (-37%).
Em 2022, os principais produtos exportados para Israel foram:
No mesmo ano, os principais produtos da importação foram:
Com a Palestina, o saldo da balança comercial brasileira registrou superávit de quase 30 milhões de 2022 — Com US$ 30 milhões em exportações e menos de US$ 500 mil em importações.
A pauta exportadora foi composta, majoritariamente, pela carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (87%). Já na importação, o único produto presente são frutas, preservados e preparações (exceto suco de frutas).
O conflito que se iniciou na última semana tem que ser acompanhado muito de perto, para se ter uma ideia da extensão que está e que poderá tomar. Vale observar se e como ocorrerá uma escalada do conflito para outros países da área. Além dos óbvios e nefastos efeitos do conflito, podemos ter uma redução da oferta de petróleo, com impactos nos preços de combustíveis e fertilizantes, que com certeza podem complicar a situação inflacionária mundo afora
Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank
Já no caso do conflito entre Israel e Hamas, situado na Faixa de Gaza, o impacto não tende a ser tão significativo (pelo menos por enquanto) no que diz respeito ao comex. Novamente, se isso escalar e atingir outros países da região, aí sim teremos desdobramentos com efeito de escassez de recursos, efeitos inflacionários e de circulação e disponibilidade de mercadorias
Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank