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Inflação e taxa de câmbio: qual a relação entre eles?
12 de setembro de 2023 | Equipe Braza Bank
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12 de setembro de 2023 | Equipe Braza Bank
A inflação e a taxa de câmbio são dois elementos importantes na economia e que possuem uma relação próxima. O vínculo fica ainda mais relevante quando comparamos o real brasileiro com moedas mais fortes, como o dólar dos Estados Unidos.
Por conta disso, o entendimento sobre essa relação é fundamental especialmente para investidores e gestores que lidam com moedas estrangeiras. A compreensão ajuda na tomada de decisão estratégica e na busca por proteção contra a volatilidade.
Contudo, apesar de haver relação entre os dois conceitos, este é um tópico que naturalmente é capaz de gerar dúvidas.
Por isso, neste artigo, nós do Braza Bank, o maior banco exclusivo de câmbio do Brasil, vamos explicar de maneira clara e direta como a inflação e o câmbio estão conectados. Confira:
A inflação representa o processo de aumento constante e generalizado dos preços de bens e serviços em uma economia. Logo, ela corresponde a uma redução do poder de compra do dinheiro.
A inflação pode ocorrer por uma série de fatores, incluindo:
A inflação pode ter um impacto negativo na economia. Isso acontece porque ela pode reduzir o poder de compra das pessoas, aumentar os custos de produção e dificultar a tomada de decisões econômicas.
Entretanto, ela não é necessariamente ruim. Quando as variações acontecem dentro de uma margem controlada, a inflação pode ser um indicador de aquecimento e desenvolvimento econômico.
Para controlar a inflação, os governos e os bancos centrais geralmente usam políticas monetárias e fiscais. No Brasil, esse é um papel da taxa Selic, taxa básica de juros da economia.
Quando a inflação sobe, por exemplo, é usual que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Bacen eleve os juros. O objetivo é controlar a atividade econômica e, consequentemente, segurar o aumento de preços no mercado.
No Brasil, a inflação é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ele é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA mede a variação dos preços de um conjunto de bens e serviços consumidos pela população brasileira. Para isso, ele segue uma cesta atualizada periodicamente para refletir as mudanças no consumo da população.
A cesta de bens e serviços do IPCA é composta por centenas de itens divididos em 12 grupos, como alimentação, habitação, transporte, saúde, educação, vestuário, etc. Cada um tem um peso diferente na base de cálculo, que também varia conforme sua relevância.
O acompanhamento é feito diariamente em metrópoles brasileiras, espalhadas por todas as regiões do país. Cada área também tem um peso diferente. Por exemplo, as variações em São Paulo são mais significativas no cálculo que aquelas de Porto Alegre.
Além do IPCA, o Brasil também tem outros índices de preços, como:
Cada um tem uma metodologia própria de cálculo. No entanto, o princípio costuma ser o mesmo: monitorar a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços.
O vídeo abaixo, do próprio IBGE, fala mais sobre os índices:
Por sua vez, a taxa de câmbio é o preço de uma moeda em relação a outra. Por exemplo, se você vê no noticiário que o dólar está cotado em R$ 5, essa é a taxa de câmbio dele em relação ao real.
No Brasil, o regime cambial é flutuante. Isso significa que a taxa de câmbio é determinada pelo mercado, sendo influenciada por uma série de fatores, como a oferta e a demanda por moedas, os juros e o momento do mercado.
Para entender melhor, imagine um cenário de taxa Selic em alta. Nesse caso, como muitos investimentos são indexados por ela, investidores estrangeiros acabam por ver atratividade no mercado e trazer dólares para cá — o que poderia reduzir a taxa de câmbio.
Quando você tem uma taxa de juro mais elevada, você acaba atraindo investimento estrangeiro. Seja para investimento, para a aquisição de títulos ou para a compra de ações aqui no Brasil, por exemplo. E com isso, acaba existindo um fluxo cambial positivo, entrando no País mais dólares do que saindo
Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank
Vale a pena destacar que os juros, sozinhos, não podem ser os únicos responsáveis por isso. Há diversos outros elementos que colaboram com a atração ou não de capital estrangeiro.
A taxa de câmbio desempenha um papel crucial na economia global. Ela afeta o comércio exterior, o turismo e muitos outros aspectos das relações econômicas entre países.
Mudanças na taxa de câmbio podem ter um impacto significativo nos preços de bens importados e exportados, bem como nas decisões de investimento e estratégias de negócios das empresas. Portanto, é uma variável importante monitorada de perto por empresas, investidores e governos.
Assim como os juros, a inflação tem relação com a taxa de câmbio do país. Se uma nação experimenta uma inflação significativamente mais alta do que seus parceiros comerciais, a sua moeda tende a se desvalorizar em relação às moedas estrangeiras.
Essa existe pelo chamado pass through cambial. Ele é uma medida da elasticidade da taxa de câmbio e seu reflexo nos preços internos.
“Imagine isso em forma de um exemplo: muitas commodities têm seu preço formado com base no mercado internacional (soja, milho, carne). Quando temos o BRL desvalorizado, o mercado exportador fica mais aquecido, destinando parte desses produtos para o exterior, enxugando a oferta no mercado interno, fazendo com que tenhamos preços mais elevados. Nesse mesmo cenário temos poucos produtos importados nas prateleiras, reduzindo a oferta e a concorrência com produtos nacionais, colocando os preços em patamares mais elevados. Ou seja: menos oferta = preços mais altos”, explica Bruno Perottoni.
Para entender melhor, confira os gráficos abaixo. Eles mostram a variação do IPCA e do dólar, respectivamente, entre 2016 e 2023:
Como é possível ver, em diversos momentos o dólar variou de maneira similar ao indicador oficial da inflação no Brasil.
Porém, vale pontuar que essa relação não é, necessariamente, linear. Como vimos, as taxas de juros, as políticas econômicas e as expectativas do mercado também desempenham um papel importante na determinação das taxas de câmbio.
Apesar das taxas de câmbio lidarem constantemente com a volatilidade, existem formas práticas de se proteger. A principal delas é o hedge cambial.
Ele envolve a proteção de uma posição financeira contra as flutuações das taxas de câmbio. O hedge cambial pode acontecer, por exemplo, com uso de instrumentos como câmbio futuro.
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