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O Banco Central pode intervir no mercado de câmbio: entenda a flutação cambial suja
4 de março de 2024 | Equipe Braza Bank
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4 de março de 2024 | Equipe Braza Bank
Para compreender melhor o mercado de câmbio, um dos assuntos que você deve saber mais é sobre flutuação cambial suja. Ele representa um dos tipos de controle cambial e é o usado pelo Brasil para controlar as flutuações de câmbio.
O objetivo é não permitir que o dólar se valorize demais ou que perca valor demais. Nesses dois casos, a nossa economia poderia sofrer impactos negativos na moeda.
E, para explicar como isso acontece, nós resolvemos fazer este conteúdo completo sobre o assunto. Aqui você entenderá melhor de que forma o mercado de câmbio se comporta e como é aplicado o modelo de flutuação cambial suja no país.
Acompanhe!
Também chamado de sistema cambial, o regime cambial é um conjunto de regras e mecanismos que um país utiliza para determinar como a taxa de câmbio da sua moeda será definida em relação às moedas estrangeiras.
Esse controle costuma ser exercido pelas autoridades responsáveis pela economia do país. No caso do Brasil, temos o Banco Central do Brasil (Bacen) que cuida dessa parte e do sistema de câmbio.
Existem, basicamente, dois tipos de regime cambial: o fixo e o flutuante. Além disso, há variações de cada um deles. Ou seja, a partir do câmbio fixo e flutuante, podemos encontrar outros tipos de sistema de câmbio.
Agora que você entendeu o conceito de regime cambial, confira mais sobre os seus tipos:
Como o próprio nome já diz, o câmbio fixo é um sistema que tem como principal característica estabelecer uma taxa de câmbio fixa. Por exemplo, é como se o Brasil estabelecesse que, a partir de hoje 1 real tivesse o mesmo poder de compra que 1 dólar.
Nesse caso, a taxa de câmbio é definida e mantida pelo governo dentro de uma faixa estreita. O governo intervém no mercado de câmbio comprando ou vendendo sua moeda para manter a taxa de câmbio dentro da faixa predefinida.
Como ponto positivo, há estabilidade cambial, importante para o comércio internacional e investimentos. Esse regime ainda pode facilitar o planejamento financeiro para empresas e consumidores.
No entanto, ele pode provocar perda de autonomia da política monetária, já que o governo precisa focar na manutenção da taxa de câmbio.
Outro ponto importante é que, para manter o câmbio fixo, o Bacen precisaria ter elevadas reservas de outras moedas, principalmente do dólar. Pois, a taxa se mantém fixa a partir da compra e venda de dólares para outros países pelo Banco Central.
Porém, sabemos que nem sempre é essa a realidade. E se faltar dólares? Como faríamos?
No caso do câmbio flutuante, a taxa de câmbio é determinada pela oferta e demanda da moeda estrangeira em questão dentro do país.
Por exemplo, se eu tenho uma alta demanda por dólar, mas pouca oferta (reservas no Bacen estão baixas), então eu tenho uma taxa de câmbio elevada. Ou seja, o dólar valendo mais que o real. O contrário também é verdadeiro: se há mais dólares do que procura por ele, a moeda perde valor.
Uma característica do câmbio flutuante muito marcante é que o Banco Central não pode intervir na taxa de câmbio. É justamente essa a principal diferença entre o câmbio flutuante e o fixo.
Mas, além dessas duas opções, também podemos falar em outra, uma que nasceu a partir do câmbio flutuante: a flutuação cambial suja e é sobre ela que vamos falar agora.
Aqui no Brasil usamos o sistema de flutuação cambial suja, mas o que isso quer dizer?
Quer dizer que não usamos o sistema da forma original, ou seja, sem interferência do Banco Central como deve ser. Para manter as taxas de câmbio equilibradas no país, esse órgão precisa intervir.
E, ao contrário do que alguns podem pensar, apesar de ter o nome flutuação cambial suja, não significa que seja algo ilegal ou errado.
O termo “sujo” apenas indica que o governo intervém no mercado de câmbio de forma limitada para suavizar a volatilidade da taxa de câmbio. Ele pode usar instrumentos como compra e venda de moedas estrangeiras, leilões de câmbio e bandas cambiais.
O vídeo abaixo, do Banco Central, explica como funciona essa "intervenção":
Na prática, a flutuação cambial suja funciona de forma muito parecida com a flutuação cambial original: a taxa de câmbio se estabelece naturalmente, conforme oferta e demanda de determinada moeda.
Mas, caso seja necessária uma correção de forma mais urgente, o Bacen entra em ação, vendendo e comprando dólares para equilibrar a taxa de câmbio. Assim, esse órgão ajuda a proteger o câmbio aqui no país.
Essa proteção feita pelo Banco Central é feita para evitar uma supervalorização ou uma desvalorização da nossa moeda.
Assim, o Bacen pode ter dois objetivos quando decide intervir na flutuação cambial:
Assim, a flutuação cambial suja se torna, em certo aspecto, essencial para a manutenção da economia do país de forma mais equilibrada.
Por meio dela, é possível controlar diversos problemas como inflação ou os elevados custos cambiais das transações de empresas exportadoras e importadoras. O regime também reduz as chances de fuga dos investidores estrangeiros.
Após entender melhor as características da flutuação cambial suja, veja quais podem ser os reflexos dela na economia:
A intervenção no mercado cambial permite que os governos suavizem as flutuações excessivas nas taxas de câmbio. Isso pode ser benéfico para empresas envolvidas no comércio internacional, proporcionando uma maior previsibilidade nas transações e reduzindo os riscos associados às oscilações abruptas das moedas.
Ao influenciar a taxa de câmbio, os governos podem afetar os preços de importação e exportação. Uma moeda mais fraca pode tornar as exportações mais competitivas, estimulando a produção doméstica e, consequentemente, ajudando a controlar a inflação.
Investidores estrangeiros podem ser atraídos por um ambiente mais previsível e estável, resultante da intervenção no mercado cambial. A redução da volatilidade pode ser vista como um fator positivo para investidores que buscam minimizar riscos em suas aplicações.
Percebeu como a flutuação cambial suja pode ser benéfica para a economia do país? Assim, a taxa de câmbio no Brasil é, na maior parte do tempo, condicionada à oferta e demanda de determinada moeda, mas com algumas interferências necessárias para manter o equilíbrio financeiro.
Quer entender melhor sobre o assunto? Então, baixe o nosso guia sobre Proteção Cambial e saiba como se proteger da volatilidade do câmbio!