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Com o cenário financeiro atual, o que esperar de 2025?
2 de janeiro de 2025 | Bruno Perottoni, CGA
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2 de janeiro de 2025 | Bruno Perottoni, CGA
O ano de 2024 se aproxima do fim trazendo consigo uma série de eventos que marcaram a economia global, desde tensões geopolíticas até fenômenos climáticos extremos. Com tudo o que aconteceu, a grande questão que surge é: o que esperar de 2025? Neste artigo, analisamos as tendências e projeções para o próximo ano, oferecendo uma visão macro e local do cenário financeiro. Para enriquecer esse panorama, contamos com os insights de Bruno Budant Perottoni, Diretor de Tesouraria do Braza Bank, maior banco exclusivo de câmbio do país – segundo o BACEN. Bruno é gestor com certificação CGA da ANBIMA e Engenheiro Agrônomo formado pela UFPR, com especialização em commodities, câmbio e juros. Ao longo de seus 20 anos de atuação no mercado financeiro, acumulou ampla experiência em gestão de tesourarias, e traz agora suas perspectivas sobre 2025.
A eleição mais disputada da história norte-americana levou Donald Trump de volta à Casa Branca. Velho conhecido do mercado, o republicano é bastante agressivo na política comercial, impondo taxações e mantendo posturas firmes nos “desacordos”. Com Trump eleito, a questão migratória volta ao centro das atenções, impulsionada pela perspectiva de amplos programas de deportação.
A vitória do republicano traz implicações significativas para a economia global e para o Brasil:
Sob o governo de Javier Milei, a Argentina vem destacando-se como um parceiro ideológico muito forte do governo Trump e do empresário Elon Musk. Enquanto o Brasil adota uma postura menos alinhada, nossos vizinhos, que vêm controlando inflação e fazendo a lição de casa na gestão pública, podem ganhar preferência para receber investimentos e espaço na balança comercial norte americana.
Além da inegável tragédia do ponto de vista humanitário, os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio (Israel, Palestina, Irã, Líbano e regiões vizinhas) afetam diretamente a cadeia de produção de combustíveis e outras commodities. A alta nos preços de petróleo e gás natural impacta a inflação mundial, encarecendo toda a cadeia produtiva e batendo diretamente no bolso do povo por conta da inflação.
O ano de 2024 foi marcado por secas na Amazônia, enchentes no Sul e outros eventos climáticos severos. Além dos danos diretos, temos aí mais um ponto de atenção com o impacto climático nos preços. Não é apenas uma estiagem no Mato Grosso que pode afetar o preço da soja, mas um temporal na região metropolitana da sua cidade também, que acaba afetando a produção de hortaliças e outros produtos que acabando impactando a inflação também.
Apesar de costumeiramente o fim de ano vir acompanhado de certa calmaria, 2024 se mostrou atípico. O mercado brasileiro e Brasília permaneceram agitados nas últimas semanas do ano.
A preocupação com gastos do governo dominou o segundo semestre. As projeções econômicas cada vez mais preocupantes fizeram o governo correr para implementar um programa de corte de gastos. Mas o viés da popularidade fez com que o corte de gastos tivesse um porém: a isenção de imposto de renda para salários até R$ 5.000, promessa de campanha do governo Lula. Promessa sendo cumprida no pior momento econômico! O corte de gastos saiu como uma redução na arrecadação e uma bomba nas projeções de dívida/PIB (a relação dívida/PIB compara a dívida pública de um país com seu Produto Interno Bruto (PIB). Ela indica o quanto a economia do país é capaz de suportar a dívida. Quanto maior essa relação, maior o endividamento em relação à produção econômica do país.), quem em poucos anos já apontam estar acima de 100%, o que é fortemente prejudicial e indica um risco de solvência do país (ocorre quando ele não consegue cumprir suas obrigações financeiras, ou seja, não tem capacidade de pagar sua dívida. Esse risco aumenta quando a relação dívida/PIB é muito alta, indicando que a economia do país pode não ser suficiente para cobrir os pagamentos da dívida).
Tivemos uma escalada da taxa de câmbio na casa de 27% no ano. Embora a valorização do Dólar tenha sido um fenômeno global, impulsionado pela vitória de Trump e por sinalizações positivas do FOMC com a redução das taxas de juros, ao observarmos a cesta de moedas do Dólar Index, vemos que o dólar se valorizou 6,54% no ano. Ou seja, nossa moeda desvalorizou muito mais do que os pares, refletindo a preocupação com o futuro e a estabilidade econômica do Brasil.
Confira o gráfico abaixo que ilustra a variação do Dólar em 2024 (Fonte: UOL Economia).
Essa aversão ao risco também impactou o mercado de renda fixa e juros, que é o principal motor do mercado financeiro. O consenso de que haveria sucessivos cortes na taxa SELIC e a percepção de Roberto Campos Neto, então presidente do Banco Central do Brasil, como o vilão por manter os juros elevados, foi substituído por uma mudança na condução da política monetária. O objetivo de uma SELIC de um dígito, na casa de 8,00 ou 9,00% ao ano, hoje aponta para 16,45% no final de 2025, conforme a curva de juros futuros.
Mesmo com juros altos, que costumeiramente atraem investidores estrangeiros em busca de títulos soberanos com taxas elevadas, tivemos, só entre 1º e 20 de dezembro, uma saída de USD 18,2 bilhões. O que explica a forte valorização do Dólar, especialmente nesse mês, mesmo com atuações do BCB que somaram USD 35,76bi em diferentes instrumentos cambiais.
A economia nos mostra que juros altos são restritivos à atividade produtiva, ao crédito e ao varejo. A economia arrefece com juros altos. Juros só podem ser reduzidos por mudanças de fundamentos econômicos.
O Câmbio acaba seguindo a mesma linha. Enquanto houver essa percepção de risco e falta de preocupação com a gestão das contas públicas, teremos dólares em patamares elevados por um bom tempo.
O Comitê de Política Monetária (COPOM) é responsável por definir a taxa básica de juros (Selic). [Saiba mais sobre o COPOM aqui.] Em sua última reunião de dezembro, elevou a taxa em 100 pontos-base e sinalizou mais duas altas de mesma magnitude, mantendo a economia em alerta até pelo menos o fim do primeiro trimestre de 2025.
O final de ano costumava trazer otimismo, mas, dados os desafios atuais, a prudência se impõe como o melhor remédio. Operações comerciais focadas na manutenção das margens, sem grandes posições especulativas ou câmbios descobertos são o melhor conselho. Estamos na metade do mandato do atual presidente, o tempo em Brasília corre de uma forma diferente e as preocupações e ambições já visam os impactos nomes para próxima eleição. Difícil aliar o bem-estar econômico com o viés político do planalto central. Por isso, o cenário exige cuidado redobrado em 2025.
Diante de um ambiente global turbulento e de desafios locais relevantes, contar com uma instituição sólida e experiente faz toda a diferença. O Braza oferece soluções completas em câmbio e pagamentos internacionais, além de criptomoedas, apoiado em um time de especialistas com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro.
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