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O que é o BRICS e qual a sua influência no cenário internacional?
19 de novembro de 2025 |

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O BRICS é um bloco econômico relativamente recente, mas que rapidamente ganhou relevância na geopolítica internacional. Afinal, o debate sobre a redistribuição do poder econômico e político no mundo ganhou força nas últimas décadas.
Isso ocorreu à medida que países emergentes passaram a ter mais peso no comércio, na produção e no investimento global. Desse modo, muitos deles defendem uma arquitetura mais multipolar, em que o chamado Sul Global tenha mais voz.
Nesse sentido, o BRICS reúne países que, apesar de realidades internas muito diferentes, compartilham objetivos similares. Eles visam ampliar sua capacidade de influência, reduzir a dependência de instituições tradicionais e ter mais autonomia para desenvolvimento.
Mas, afinal, o que é o BRICS, quem faz parte do grupo e como ele impacta a economia global? Acompanhe a leitura!
A sigla BRIC ganhou popularidade no início dos anos 2000. Ela é geralmente atribuída ao economista Jim O’Neill, do banco Goldman Sachs, para se referir a quatro grandes economias emergentes com alto potencial de crescimento: Brasil, Rússia, Índia e China.
A ideia, inicialmente, era apenas descritiva. Ou seja, fazer um agrupamento analítico de países emergentes e importantes para investidores globais.
Com o tempo, no entanto, os próprios governos passaram a ver utilidade política nessa aproximação. Em 2009, os quatro países realizaram a primeira cúpula oficial em Ecaterimburgo, na Rússia, transformando o conceito em um fórum diplomático.
Em 2010, a África do Sul foi convidada a integrar o grupo, que passou a se chamar BRICS a partir de 2011.
Desde então, o BRICS se consolidou como um espaço regular de diálogo entre economias emergentes, com cúpulas anuais e cooperação em temas como comércio, finanças, energia, tecnologia, segurança e governança global.
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Durante muitos anos, o BRICS foi composto apenas pelos cinco membros originais. No entanto, a partir de 2024, o grupo passou por um processo de expansão.
Na cúpula de 2023, seis países foram convidados a integrar o bloco, como parte da estratégia de fortalecer a voz do Sul Global na política internacional. Após adesões efetivadas e decisões internas, o BRICS passou a contar com dez membros:
Além dos membros plenos, o BRICS vem construindo uma rede de países parceiros. Dentre eles, há Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e, mais recentemente, Vietnã. Eles participam de reuniões ampliadas, sem serem membros formais do bloco.
O BRICS reúne algumas das maiores economias emergentes do planeta. Considerando o bloco ampliado, os países do grupo:
China, Índia e Brasil estão entre as maiores economias do mundo, enquanto países como Rússia, Irã e Emirados Árabes Unidos são centrais na oferta de energia.
Egito e Etiópia ganham destaque como polos regionais na África, enquanto a Indonésia é um dos principais mercados do Sudeste Asiático.
Essa combinação dá ao BRICS um poder geoeconômico que vai além dos dados brutos. O bloco consegue, por exemplo, influenciar debates sobre preços de commodities ou negociar em bloco em fóruns multilaterais.
Por isso, o BRICS costuma ser apresentado como um contraponto parcial à influência histórica de grupos como o G7.
Apesar da força coletiva, o BRICS enfrenta obstáculos internos que dificultam avanços mais profundos. Os países têm sistemas políticos distintos, ritmos econômicos desiguais e prioridades divergentes, o que dificulta o alinhamento de decisões estratégicas de longo prazo.
Além disso, tensões geopolíticas externas e rivalidades regionais afetam a coesão do grupo. A relação delicada entre Índia e China é um exemplo, assim como as diferentes agendas de política externa de Rússia e Brasil.
Em cúpulas recentes, o BRICS ampliado teve dificuldade de chegar a posições comuns mais firmes sobre conflitos como a guerra na Ucrânia ou crises no Oriente Médio, justamente pela heterogeneidade de interesses.
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Para o Brasil, participar do BRICS é uma forma de:
Ao mesmo tempo, o país precisa equilibrar interesses. Afinal, é necessário manter boas relações com os Estados Unidos e a União Europeia, importantes parceiros comerciais.
O Brasil também busca preservar a parceria estratégica com a China, hoje o maior comprador de produtos brasileiros. O jogo de equilíbrio faz parte da política externa brasileira há décadas e se intensifica com a ampliação do BRICS.
O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também chamado de Banco do BRICS, foi criado em 2014. O objetivo era financiar projetos de infraestrutura, desenvolvimento sustentável e integração entre os países do bloco.
Ele funciona como uma alternativa às instituições financeiras tradicionais, oferecendo crédito com condições mais flexíveis. O NBD já apoiou iniciativas em áreas como energia renovável, transporte, saneamento, conectividade e modernização urbana.
No Brasil, por exemplo, ele financiou projetos de mobilidade, infraestrutura hídrica e eficiência energética.
Além de liberar recursos, o NBD visa criar um ecossistema financeiro mais plural, no qual países em desenvolvimento tenham mais poder de decisão.
O futuro do BRICS aponta para expansão e maior diversificação de agendas. O bloco tem discutido ampliar parcerias, fortalecer sua governança e explorar temas como transição energética, tecnologia, segurança alimentar e investimentos sustentáveis.
A tendência é que o BRICS se consolide como um dos principais polos do Sul Global, influenciando debates sobre reformas nas instituições internacionais. Porém, seu avanço dependerá da capacidade de conciliar interesses internos e manter estabilidade política em um cenário competitivo.
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É um grupo de países emergentes que se organiza como fórum político e econômico para ampliar sua influência e defender uma ordem internacional mais multipolar, com maior protagonismo do Sul Global.
Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o bloco passou a incluir Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, formando um grupo de dez membros com grande peso populacional e econômico.
O BRICS busca reformas em instituições como FMI, Banco Mundial e ONU, maior uso de moedas locais no comércio e mais espaço para países em desenvolvimento nas principais decisões globais.
As diferenças políticas, econômicas e estratégicas entre os membros, as rivalidades regionais e a falta de uma estrutura institucional robusta dificultam consensos e podem limitar a velocidade dos avanços do bloco.