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Aumento no imposto de importação de aço: é a solução?
3 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
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3 de outubro de 2023 | Equipe Braza Bank
Diante da queda das vendas de aço nacional e do aumento das importações, principalmente da China, o setor siderúrgico está pedindo ao Governo Federal que eleve as tarifas sobre os produtos importados. O objetivo é criar uma alíquota de 25% para operações de importação.
De janeiro a agosto, o Brasil importou 3,18 milhões de toneladas de material siderúrgico de outros países. O aumento foi de 49,5%, de acordo com dados do Aço Brasil em comparação com o mesmo período do ano passado.
Apenas em agosto, as importações de aço pelo Brasil alcançaram o maior nível desde julho de 2021, atingindo 496 mil toneladas. O número representa um aumento de 55,6% em comparação com o mesmo período de 2022.
O setor pontua que há uma ameaça de interrupção na produção e redução de empregos nas empresas brasileiras se o ritmo atual de importação persistir. Logo, a medida seria para proteger a indústria nacional.
“Em agosto, entrou o dobro de aço no Brasil do que a média histórica. Se continuar nesse ritmo, certamente as empresas siderúrgicas no Brasil vão ter que parar, porque não vão ter o que produzir, e parar gera desemprego”, argumentou o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula.
Atualmente, a alíquota de importação gira em torno de 9% a 14,4% sobre determinados produtos. O setor propõe que a elevação seja apenas temporária.
Para outubro, 12 produtos do aço que contavam com tarifa reduzida de importação já voltaram aos percentuais normais. O planejamento inicial era que o benefício continuasse até o final do ano.
Em 2023, a China está prestes a alcançar seu volume mais alto de exportação de aço desde 2016. Dados do país mostram que as exportações aumentaram 41% entre janeiro e maio em comparação com o mesmo período em 2022.
Com ritmo, o volume total poderia ultrapassar as mais de 65 milhões de toneladas de todo o ano passado. Para analistas, o cenário se deve ao yuan mais fraco globalmente e ao aumento na produção interna.
Com o mercado imobiliário mais fraco na China, as empresas de aço do país viram na exportação um caminho para escoar a produção do ano. Apenas para o Brasil, das 496 mil toneladas importadas em agosto, 300 mil partiram da China.
As elevações nas tarifas de importação já foram praticadas por países como Estados Unidos, Índia, México e alguns países da União Europeia. Além do aço, o minério de ferro é outro destaque da indústria chinesa. Entre janeiro e agosto de 2023, o país elevou sua produção em 7%.
Apesar da aplicação de impostos de importação sobre o aço estar sendo praticada em outros países, o cenário brasileiro tende a ser mais delicado. Isso acontece, especialmente, pela participação da China no comércio exterior brasileiro.
Para se ter dimensão, o Brasil acumulou um superávit de mais de US$ 30 bilhões nos 8 primeiros meses de 2023 com o comércio com a China. Se o ritmo se mantiver, esse pode ser o maior saldo com apenas um parceiro desde 1997.
Além disso, a China é o principal destino de diversas commodities relevantes para a balança comercial brasileira, como a soja. Já em relação à importação, cerca de 20% do total de compras brasileiras vem do gigante asiático.
Enquanto as exportações brasileiras para China são influenciadas por commodities, especialmente do agro, as importações se concentram em itens manufaturados.
Com essa realidade, uma decisão como o aumento das tarifas deve ser vista com atenção.
Essa medida pode gerar ‘efeito resposta’, com países exportadores aumentando alíquotas tributárias sobre outros produtos exportados pelo Brasil, acarretando impactos na balança econômica
Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank.
Para ele, o país deve “buscar melhorar sua competitividade interna através de entrega de infraestrutura para redução de custos e de outros investimentos diretos no setor, por exemplo, para proporcionar melhores condições à indústria local"
Conforme dados do Instituto Aço Brasil, a produção nacional de aço bruto atingiu a marca de 21,3 milhões de toneladas entre janeiro e agosto. O número indica uma queda de 8,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A produção de laminados também encolheu em 9,9%, totalizando 14,6 milhões de toneladas no mesmo período. Por outro lado, a produção de semiacabados teve um aumento de 19,6%.
Também no acumulado do ano, as vendas internas de produtos siderúrgicos caíram 5,4%, chegando a 13 milhões de toneladas. O consumo aparente no Brasil também diminuiu 0,6%, ficando em 15,8 milhões de toneladas.